Ao
implementar o registro manual de controle de frequência, nesta
quinta-feira, a Embrapa descumpriu Portaria que prevê que a decisão
sobre mudanças no mecanismo de registro de ponto alternativas ao
Registrador de Ponto Eletrônico (REP) deve ser discutida em Acordo
Coletivo de Trabalho.
"Assusta
muito a posição da empresa, um dia antes da implantação do REP,
simplesmente comunicar aos trabalhadores o retorno do controle de
ponto através de lista assinada. É claro que o SINPAF não defende
lista, ponto eletrônico ou mecânico. O SINPAF defende que isso seja
discutido com toda a categoria. É justamente isso que estabelece a
portaria 373", afirma Vicente Almeida, presidente do
SINPAF.
Ouça
aqui
e leia abaixo a entrevista na íntegra.
Qual
a posição do SINPAF em relação à adoção do registro manual de
controle de frequência?O controle de frequência da Embrapa não é
um tema novo para a empresa. Em 2007, por luta dos trabalhadores,
quando houve imposição da empresa de implantação do ponto
eletrônico, nós conseguimos negociar a criação de um grupo de
trabalho formado por representantes do SINPAF, da Direção Nacional
e de representantes de base e do qual eu tive oportunidade de
participar, que apresentou relatório consubstanciado para a
diretoria da empresa apresentando a conclusão de que era necessário
avançar no reconhecimento do trabalho diferenciado dos
trabalhadores, implantando sistemas confiáveis de controle
eletrônico de ponto e flexibilizando para aqueles que desenvolvem
atividades fora de seu local de trabalho, como pesquisadores e
analistas.
Portanto,
me assusta muito a posição da empresa, um dia antes da implantação
do REP, simplesmente comunicar aos trabalhadores o retorno do
controle de ponto através de lista assinada. É claro que o SINPAF
não defende lista, ponto eletrônico ou mecânico. O SINPAF defende
que isso seja discutido com toda a categoria. É justamente isso que
estabelece a portaria 373.
E
o que diz essa portaria? Ela estabelece procedimento para que aquelas
empresas que não poderiam ainda adotar a Portaria 1510, publicada em
2009, adotassem um sistema de controle de ponto alternativo ao REP. A
implantação desse sistema alternativo, porém, como estabelece o
Art. 1º da Portaria 373, deveria ser antecedida de uma
discussão e estar no Acordo Coletivo de Trabalho com os sindicatos
representantes das categorias.
Essa
é novamente uma posição arbitrária da empresa, ao implantar um
sistema de controle de ponto assinado, manual, sem discutir com o
sindicato. Entendemos que essa é uma forma de desrespeitar os seus
trabalhadores. Nosso ACT estabelece que a Embrapa reconhece o SINPAF
como legítimo representante dos trabalhadores.
Quais
as medidas que o sindicato tomará agora?Já fizemos reunião com
nossa banca de advogados, consultamos os companheiros das direções
de base e acreditamos que é preciso uma posição dura e enérgica
do sindicato frente a essa arbitrariedade. Primeiro iremos notificar
a empresa da necessidade de formarmos uma comissão de negociação
para que possamos discutir as melhores formas de implementação do
controle de ponto dos trabalhadores, reconhecendo as especificidades
de cada local, mas garantindo os princípios básicos de
bilateralidade, para que não haja nenhum tipo de desvio na questão
do controle e que garanta efetivamente o reconhecimento das horas
trabalhadas. Queremos sim garantir a flexibilidade, mas sem permitir
desvios de conduta no processo de registro do ponto dos
trabalhadores.
Faremos
também, se necessário, uma grande mobilização nacional para que a
Embrapa passe efetivamente a respeitar o SINPAF, como estabelece a
cláusula 54 do ACT, como legítimo representante dos seus
trabalhadores.
A
prorrogação da Portaria 1510 por mais 30 dias anula o efeito
da Portaria 373? De forma alguma. A Portaria 1510 foi
prorrogada por mais 30 dias para que os patrões possam efetivamente
cumprir com o estabelecido na norma. E fica em vigor a Portaria
373, que estabelece no seu artigo primeiro a obrigatoriedade de a
empresa constituir, em Acordo Coletivo de Trabalho, sistemas
alternativos de controle de ponto que não seja por meio do REP.
Afinal,
o sindicato é a favor ou contra a implementação do REP na
Embrapa?O controle eletrônico de ponto estabelecido pelo MTE pode
ser um bom mecanismo de combate às fraudes hoje existentes no
controle eletrônico dentro da Embrapa. Temos várias denúncias de
unidades da Embrapa e de outras empresas de burla no sistema de
controle. Portanto, esse pode ser um mecanismo importante para ajudar
os trabalhadores. No entanto, reconhecemos que para algumas
categorias dentro da Embrapa são necessários sistemas alternativos,
mas tudo deverá ser discutido em Acordo Coletivo com o SINPAF.
Nenhum comentário:
Postar um comentário