quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Trabalhadora pena para conseguir se aposentar

Depois de 37 anos de contribuições e 60 anos, Maria Cristina descobriu que o número do seu PIS/PASEP é igual a de outra segurada, de São Paulo, que já se aposentou. Por conta disso espera há dois meses o benefício

Foto: Igo Bione/JC Imagem

Paris está emoldurada em três fotografias preto e branco na parede da sala de Maria Cristina Barbosa. Está também pendurada ao lado de Londres no quarto onde dorme. Ainda na sala, uma miniatura da Torre Eiffel repousa bem pertinho de fotos da família. É escancarado: conhecer a capital francesa é o sonho da vida de Maria Cristina. Ele tinha data para ser realizado. Em setembro deste ano, a ex-secretária esperava pousar na cidade, depois de pagar passagem e reservar hotéis com o dinheiro da tão aguardada aposentadoria.

Com 37 anos de carteira assinada poderia ter se aposentado em 2010 por tempo de contribuição. Esperou completar 60 anos para não sentir no bolso a mordida do fator previdenciário. Em 28 de novembro do ano passado, deu entrada no pedido. Cinco dias após se tornar uma sexagenária. Foi solicitado retornar após 20 dias. De volta à agência da Previdência Social de Jaboatão Centro em meados de dezembro, veio o baque. O número do seu PIS/PASEP, hoje chamado de Número de Inscrição do Trabalhador (NIT), era igual ao de uma segurada de São Paulo que já havia se aposentado em 2002. Paris ficou distante. 

Já se passaram dois meses do pedido de aposentadoria de Maria Cristina. O dinheiro que recebeu de indenização depois de ter se desligado da clínica onde trabalhou 30 anos de sua vida está acabando. Só dura até o final deste mês. A mensalidade do plano de saúde de R$ 648, o condomínio de R$ 480 e a parcela do apartamento em Candeias de R$ 471, entretanto, continuam a serem cobradas.

A candidata a aposentada procurou outras duas vezes o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Recebe como resposta apenas um seco “está em análise em Brasília”. Munida de carteira de trabalho e extratos de todas as contribuições previdenciárias feitas por ela e o patrão, Maria Cristina não entende como só perceberam a “duplicidade no NIT” agora. “Tenho a carteira assinada desde 1971. Usei meu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para dar entrada o apartamento. Em nenhum momento encontraram qualquer problema”, desabafa.

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