Depois de 37 anos de contribuições e 60 anos, Maria Cristina descobriu que o número do seu PIS/PASEP é igual a de outra segurada, de São Paulo, que já se aposentou. Por conta disso espera há dois meses o benefício
Foto: Igo Bione/JC Imagem |
Paris está emoldurada em três
fotografias preto e branco na parede da sala de Maria Cristina Barbosa.
Está também pendurada ao lado de Londres no quarto onde dorme. Ainda na
sala, uma miniatura da Torre Eiffel repousa bem pertinho de fotos da
família. É escancarado: conhecer a capital francesa é o sonho da vida de
Maria Cristina. Ele tinha data para ser realizado. Em setembro deste
ano, a ex-secretária esperava pousar na cidade, depois de pagar passagem
e reservar hotéis com o dinheiro da tão aguardada aposentadoria.
Com 37 anos de carteira assinada poderia
ter se aposentado em 2010 por tempo de contribuição. Esperou completar
60 anos para não sentir no bolso a mordida do fator previdenciário. Em
28 de novembro do ano passado, deu entrada no pedido. Cinco dias após se
tornar uma sexagenária. Foi solicitado retornar após 20 dias. De volta à
agência da Previdência Social de Jaboatão Centro em meados de dezembro,
veio o baque. O número do seu PIS/PASEP, hoje chamado de Número de
Inscrição do Trabalhador (NIT), era igual ao de uma segurada de São
Paulo que já havia se aposentado em 2002. Paris ficou distante.
Já se passaram dois meses do pedido de
aposentadoria de Maria Cristina. O dinheiro que recebeu de indenização
depois de ter se desligado da clínica onde trabalhou 30 anos de sua vida
está acabando. Só dura até o final deste mês. A mensalidade do plano de
saúde de R$ 648, o condomínio de R$ 480 e a parcela do apartamento em
Candeias de R$ 471, entretanto, continuam a serem cobradas.
A candidata a aposentada procurou outras
duas vezes o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Recebe como
resposta apenas um seco “está em análise em Brasília”. Munida de
carteira de trabalho e extratos de todas as contribuições
previdenciárias feitas por ela e o patrão, Maria Cristina não entende
como só perceberam a “duplicidade no NIT” agora. “Tenho a carteira
assinada desde 1971. Usei meu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS) para dar entrada o apartamento. Em nenhum momento encontraram
qualquer problema”, desabafa.
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