Estudo revela redução de cerca de 30% de infarto, derrame e mortes com a adoção da alimentação rica em azeite de oliva, castanhas, peixe, frutas e verduras
Descobertas publicadas no site da “New England Journal of Medicine” foram baseadas no primeiro grande teste clínico a avaliar o efeito da dieta para os riscos cardíacos
Ao menos quatro colheres de sopa de azeite de oliva por dia são recomendadas na dieta mediterrânea Latinstock |
Cerca de 30% dos ataques cardíacos, derrames e mortes decorrentes de
problemas do coração podem ser evitados em casos de alto risco se as
pessoas passarem a seguir a dieta mediterrânea — rica em azeite de
oliva, castanhas, feijões, peixe, frutas e verduras —, mesmo que seja
acompanhada de vinho, revelou o maior e mais rigoroso estudo já feito
sobre o tema.
As
descobertas, publicadas no site do “New England Journal of Medicine”,
foram baseadas no primeiro grande teste clínico a avaliar o efeito da
dieta para os riscos cardíacos. A magnitude dos benefícios alcançados
surpreendeu os cientistas. O estudo acabou sendo suspenso antes do tempo
previsto, depois de quase cinco anos, porque os resultados obtidos eram
tão claros que seria considerado antiético continuar com a pesquisa. Os
próprios pesquisadores passaram a adotá-la.
Embora não tenha
resultado em perda de peso, a dieta ajudou mesmo os que já tomavam
estatinas ou remédios para pressão e diabetes.
— É realmente
impressionante — afirmou ao jornal “The New York Times” Rachel Johnson,
professora de nutrição na Universidade de Vermont e porta-voz da
Associação Americana do Coração. — E o mais importante, o mais legal, é
que eles usaram marcadores muito definitivos. Eles não observaram
colesterol, hipertensão ou peso, mas sim ataque cardíaco, derrame e
morte. Ou seja, o que importa.
Peixe, azeite e frutas
Até
então, as evidências de que a dieta mediterrânea reduzia o risco de
problemas cardíacos eram consideradas relativamente fracas — a maior
parte baseada em estudos que mostram que as pessoas de países do
Mediterrâneo têm índices baixos de doenças cardíacas —, um padrão que
poderia ser atribuído a outros fatores.
Alguns especialistas se
mostravam céticos quanto à capacidade do estudo de detectar potenciais
benefícios da dieta, uma vez que muitas pessoas já tomam remédios para
reduzir problemas cardíacos. Médicos hesitavam em recomendar a dieta a
quem já tinha problemas de peso, já que azeite e nozes têm muitas
calorias.
Na análise de cardiologistas, o estudo foi um sucesso
porque mostrou que a dieta era uma arma poderosa na redução dos riscos
cardíacos usando uma metodologia das mais rigorosas. Cientistas
escolheram aleatoriamente 7.447 pessoas na Espanha que tinham sobrepeso,
eram fumantes, tinham diabetes ou apresentavam algum outro fator de
risco para problemas cardíacos. Elas foram divididas em três grupos: um
seguiu uma dieta com baixo teor de gordura e os outros dois seguiram a
mediterrânea (um com mais azeite e outro com mais castanhas).
Dietas
com baixos teores de gordura não mostraram nenhum benefício e são muito
difíceis de serem seguidas por muito tempo, disse Steven Nissen, chefe
do Departamento de Medicina Cardiovascular da Clínica Cleveland.
—
Agora vem esse grupo e faz um estudo gigante na Espanha mostrando que é
possível comer uma dieta balanceada, com frutas, verduras e azeite, e
reduzir os problemas cardíacos em 30% — afirmou. — E você pode,
verdadeiramente, aproveitar a vida.
O estudo, coordenado por Ramon
Estruch, da Universidade de Barcelona, revelou que o grupo que ingeriu
mais azeite e o que comeu mais castanhas apresentaram os mesmos
benefícios. Eles comeram peixe pelo menos três vezes por semana e ao
menos duas porções de frutas e verduras por dia. As refeições foram
acompanhadas de uma taça de vinho. Alimentos industrializados e carne
vermelha foram cortados. Para o especialista, é a combinação dos
ingredientes que conta.
Fonte: O GLOBO
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