terça-feira, 13 de setembro de 2011

Presidente da Embrapa teima em não estudar viabilidade de transferência do CPATSA

O presidente da Embrapa, Pedro Arraes, deu mais uma demonstração de autoritarismo e arrogância ao desprezar o apelo público pela transferência da sede da Embrapa Semiárido (CPATSA) para o perímetro urbano de Petrolina-PE. A unidade está localizada a 45 quilômetros da cidade, o que dificulta o acesso da sociedade à tecnologia e ao conhecimento gerado na empresa, além de aumentar a jornada de trabalho em algumas horas semanais por causa do longo trajeto.

A Agenda Pró-Petrolina, elaborada pela Prefeitura de Petrolina em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE) após amplo debate com a sociedade, destaca a distância do CPATSA como um fator de redução das possibilidades de interação da Embrapa com outras instituições importantes para o desenvolvimento da região, como a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF-Sertão), entre outras.

De acordo com o documento, que diagnostica as potencialidades da região e aponta ações de desenvolvimento, a dificuldade de acesso ao CPATSA também limita o número de estudantes que interagem com a Embrapa tanto para estágios e consultas a seu acervo científico, quanto para a realização de experimentos destinados à elaboração de monografias, dissertações e teses. “A interação entre cientistas e a realização de trabalhos em equipes multidisciplinares também é dificultada”, conclui o documento oficial foi lançado no mês de agosto.

Carlos Antônio Fernandes, presidente da Seção Sindical Petrolina e suplente da Diretoria de Ciência e Tecnologia do SINPAF, lembra que a transferência da sede do CPATSA é uma reivindicação histórica dos trabalhadores. “Nossa intenção é sensibilizar a presidência da Embrapa para a realização de um estudo técnico, em conjunto com o sindicato, sobre a viabilidade dessa transferência. O problema é que o presidente da empresa simplesmente se nega a nos atender”.

De acordo com o dirigente de base, até o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, demonstrou apoio à realização de um estudo sobre a viabilidade da transferência, encaminhando à presidência da Embrapa, a pedido da Seção Sindical, a reivindicação. “A resposta dada ao ministro por Pedro Arraes demonstra sua má vontade em atender essa demanda que não é apenas dos trabalhadores da empresa, mas de toda a sociedade. Ele utiliza as reformas realizadas na unidade, que não passam de maquiagem nas paredes e no piso, como justificativa para manter o CPATSA na zona rural”, afirma Carlos Antônio.

A Diretoria Nacional do SINPAF levou essa reivindicação à presidência da Embrapa em sua primeira reunião com Pedro Arraes, realizada em 27 de outubro do ano passado. Naquela ocasião, o diretor administrativo-financeiro do SINPAF, Elias Moura Reis, explicou que o ex-presidente da empresa Silvio Crestana aconselhara os trabalhadores a incluírem a demanda no Plano Diretor da Unidade (PDU), mas que a questão havia sido excluída do documento sem nenhuma discussão com os trabalhadores.

Pedro Arraes limitou-se a observar que havia outras unidades na mesma situação e que não pode atender a todas sob pena de inviabilizar a empresa. Os dirigentes do SINPAF insistiram na realização de um estudo sobre o assunto e o presidente da empresa afirmou que poderia haver a possibilidade de fazê-lo neste ano de 2011. “Agora, ele argumenta que a transferência da unidade não está prevista no PDU, quando ele mesmo a retirou do documento de forma truculenta e arbitrária”, avalia Carlos Antônio.

De acordo com o presidente da Seção Sindical Petrolina, a própria Embrapa realizou uma pesquisa de opinião com os trabalhadores sobre a localização da unidade e 90% dos empregados que responderam consideraram que a localização limita a atuação da empresa naquela região. “Os argumentos usados por Pedro Arraes não são verdadeiros. Ele fez um estudo paralelo, sem compartilhar nenhuma informação com os trabalhadores, mas o desafiamos a formar uma comissão paritária, com a participação do SINPAF, para fazer um estudo realmente isento de interesses que não são públicos”, afirma o dirigente.

Para Carlos Antônio, o presidente da Embrapa precisa conhecer Petrolina para entender a importância da reivindicação. “Ele nunca veio aqui. Não conhece nossa realidade. Sequer conseguimos acompanhar o crescimento dos nossos filhos pequenos, pois o longo trajeto no obriga a longas horas de ida e volta ao trabalho. Quando chegamos em casa eles dormem”.

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