O
presidente da Embrapa, Pedro Arraes, deu mais uma demonstração de
autoritarismo e arrogância ao desprezar o apelo público pela
transferência da sede da Embrapa Semiárido (CPATSA) para o
perímetro urbano de Petrolina-PE. A unidade está localizada a 45
quilômetros da cidade, o que dificulta o acesso da sociedade à
tecnologia e ao conhecimento gerado na empresa, além de aumentar a
jornada de trabalho em algumas horas semanais por causa do longo
trajeto.
A
Agenda Pró-Petrolina, elaborada pela Prefeitura de Petrolina em
parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a
Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE) após amplo debate
com a sociedade, destaca a distância do CPATSA como um fator de
redução das possibilidades de interação da Embrapa com outras
instituições importantes para o desenvolvimento da região, como a
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e o
Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF-Sertão), entre outras.
De
acordo com o documento, que diagnostica as potencialidades da região
e aponta ações de desenvolvimento, a dificuldade de acesso ao
CPATSA também limita o número de estudantes que interagem com a
Embrapa tanto para estágios e consultas a seu acervo científico,
quanto para a realização de experimentos destinados à elaboração
de monografias, dissertações e teses. “A interação entre
cientistas e a realização de trabalhos em equipes
multidisciplinares também é dificultada”, conclui o documento
oficial foi lançado no mês de agosto.
Carlos
Antônio Fernandes, presidente da Seção Sindical Petrolina e
suplente da Diretoria de Ciência e Tecnologia do SINPAF, lembra que
a transferência da sede do CPATSA é uma reivindicação histórica
dos trabalhadores. “Nossa intenção é sensibilizar a
presidência da Embrapa para a realização de um estudo técnico, em
conjunto com o sindicato, sobre a viabilidade dessa transferência. O
problema é que o presidente da empresa simplesmente se nega a nos
atender”.
De
acordo com o dirigente de base, até o ministro da Integração
Nacional, Fernando Bezerra, demonstrou apoio à realização de um
estudo sobre a viabilidade da transferência, encaminhando à
presidência da Embrapa, a pedido da Seção Sindical, a
reivindicação. “A resposta dada ao ministro por Pedro Arraes
demonstra sua má vontade em atender essa demanda que não é apenas
dos trabalhadores da empresa, mas de toda a sociedade. Ele utiliza as
reformas realizadas na unidade, que não passam de maquiagem nas
paredes e no piso, como justificativa para manter o CPATSA na zona
rural”, afirma Carlos Antônio.
A
Diretoria Nacional do SINPAF levou essa reivindicação à
presidência da Embrapa em sua primeira reunião com Pedro Arraes,
realizada em 27 de outubro do ano passado. Naquela ocasião, o
diretor administrativo-financeiro do SINPAF, Elias Moura Reis,
explicou que o ex-presidente da empresa Silvio Crestana aconselhara
os trabalhadores a incluírem a demanda no Plano Diretor da Unidade
(PDU), mas que a questão havia sido excluída do documento sem
nenhuma discussão com os trabalhadores.
Pedro
Arraes limitou-se a observar que havia outras unidades na mesma
situação e que não pode atender a todas sob pena de inviabilizar a
empresa. Os dirigentes do SINPAF insistiram na realização de um
estudo sobre o assunto e o presidente da empresa afirmou que poderia
haver a possibilidade de fazê-lo neste ano de 2011. “Agora, ele
argumenta que a transferência da unidade não está prevista no PDU,
quando ele mesmo a retirou do documento de forma truculenta e
arbitrária”, avalia Carlos Antônio.
De
acordo com o presidente da Seção Sindical Petrolina, a própria
Embrapa realizou uma pesquisa de opinião com os trabalhadores sobre
a localização da unidade e 90% dos empregados que responderam
consideraram que a localização limita a atuação da empresa
naquela região. “Os argumentos usados por Pedro Arraes não são
verdadeiros. Ele fez um estudo paralelo, sem compartilhar nenhuma
informação com os trabalhadores, mas o desafiamos a formar uma
comissão paritária, com a participação do SINPAF, para fazer um
estudo realmente isento de interesses que não são públicos”,
afirma o dirigente.
Para
Carlos Antônio, o presidente da Embrapa precisa conhecer Petrolina
para entender a importância da reivindicação. “Ele nunca veio
aqui. Não conhece nossa realidade. Sequer conseguimos acompanhar o
crescimento dos nossos filhos pequenos, pois o longo trajeto no
obriga a longas horas de ida e volta ao trabalho. Quando chegamos em
casa eles dormem”.
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